Thursday, August 4, 2011

Lanterna Verde - A visão de um fã do blockbuster baseado no personagem de HQ's

lanterna verde





Sabe, eu sou fã do Lanterna Verde. Não, não passei a curtir o super-herói em tempos recentes, quando o roteirista Geoff Johns e o desenhista brasileiro Ivan Reis levaram o personagem definitivamente para os holofotes da DC. Na realidade, acompanho suas histórias desde lá atrás, do começo dos anos 90. Me emocionei com o fim de Coast City durante O Retorno do Superman; me irritei – e, admito, até curti – com a transformação de Hal Jordan em Parallax; simpatizei com Kyle Rayner, o último Lanterna Verde; vi o derradeiro suspiro de Hal para salvar o Sol durante a saga A Noite Final; acompanhei o retorno do mesmo Hal primeiro como Espectro e, depois, como Lanterna Verde… Vi o Crepúsculo Esmeralda, o Holocausto Esmeralda, a Zero Hora, a Guerra das Luzes, A Noite Mais DensaO Dia Mais Claro… Mas nada disso me preparou para ver Lanterna Verde, o filme, que estreia no Brasil dia 19 de agosto.
Queria poder escrever aqui que Lanterna Verde é um bom filme. Seria sensacional. Poderia falar que vi aTropa dos Lanternas Verdes retratada em seu apogeu, que vi Hal Jordan chutando bundas espaciais, que ver Sinestro (o maior filha da puta do universo, mas que SEMPRE TEM RAZÃO) no cinema foi espetacular. Que tudo aquilo que li em quase 20 anos se tornou realidade. Mas não, não posso fazer isso. Infelizmente.
Todo mundo esperava que Lanterna Verde seria uma bomba. Até eu. Por isso, ao ver na tela grande no cinema, o longa-metragem não parece tão ruim assim. Inclusive fica aparente que a Warner tentou ativamente salvar o barco. Provavelmente, depois daquele primeiro trailer que todo mundo criticou, alguém mais graduado na WB viu o filme e acendeu uma luz laranja por lá.
Por que eu digo isso? É simples. Primeiro, é só acompanhar as notícias sobre a produção que pipocaram aqui no Judão. A Warner primeirou liberou uma verba astronômica para publicidade: US$ 9 milhões para serem gastos em dois meses. Depois,anunciou que dois nomes de peso entraram no casting do filme: Michael Clarke Duncan faria a voz de Kilowog e Geoffrey Rush seria Tomar-Re. Tudo isso em um momento que as gravações já estavam completadas há tempos e até já havia sido anunciado outro nome como dublador do Kilowog.
Então, quando vemos o filme, é possível notar que ali teve o dedo de alguém. Ao menos para mim fica claro que o longa foi “remontado”, inserindo um narrador (Tomar-Re, ou melhor, o Geoffrey Rush) e um tom mais sério. Há momento que eu quase dá para perceber as cenas cômicas faltando.
Isso, veja bem, não é ruim. Muito melhor contrário. Tanto é que a primeira parte do filme dá até para se empolgar. Não que seja boa, mas não é tão ruim quanto falaram por aí. Como fã do personagem, gostei bastante de ver as cenas de flashback com a morte do pai do Hal e os membros da família Jordan reunidos. Jack, Jim, Janice, Jason… Todos lá!
O próprio Hal Jordan não está ruim. Vá por mim, Ryan Reynolds não é nem de longe a pior parte de Lanterna Verde. Apesar da cara de bobo, a caracterização do personagem principal não foge tanto do que vemos nos quadrinhos. Ok, não me refiro ao Lanterna Verde certinho pré-Crise nas Infinitas Terras, mas aquele que foi se formando depois, principalmente na mão do Geoff Johns. Alguém mais irresponsável, bem como são os pilotos.

Até aqui que o filme não é ruim...
Aí então Hal Jordan vai para OA, centro do Universo e lar dos Guardiões, e se torna o Lanterna Verde. É aquilo tudo que já vimos e já criticamos o suficiente. Aliás, até aparece que, quando vemos finalmente na tela do cinema, nos acostumamos com aquele visual. Isso não quer dizer que tenha ficado bom, que fique registrado.
Aliás, aqui merece estar uma crítica para os filmes baseados em personagens da DC e para a própria editora de HQs. Desde os anos 60 a Marvel consegue uma coesão impressionante no que se refere ao visual de sua tecnologia. Tudo segue o mesmo model sheet desde então, com, é claro, atualizações. Um artefato asgardiano ou da Hidra de 2011 ainda se parece com um de 1966, por exemplo. E o mesmo foi mantido nos filmes. Porém, pelos lados da Distinta Concorrência, há aquela mania de mudar tudo o tempo todo. Entretando, a tecnologia Oana é uma daquelas poucas que pouco foi transformada desde o final dos anos 50. Mas aí vem o filme para o cinema e, ao invés de manter o mesmo espírito, como a Marvel Studios provou que é capaz de se fazer, resolvem reinventar tudo e… Fazer merda!
Estou pegando leve? Ok, é que agora é quando realmente chegamos na pior parte. Quando Hal Jordan se torna membro da Tropa dos Lanternas Verdes não há montagem que salve o filme. Todos os problemas do roteiro ficam evidentes. A Tropa, no filme, pouco faz. Hector Hammond como vilão é péssimo. Parallax, a entidade do medo e que deveria ser o vilão-fodão do longa, possui uma origem estranhíssima (fazendo a energia amarela ter uma surgimento que, pra mim, não tem sentido) e, no final, se mostra muito fraca.
Se Ryan Reynolds como Lanterna Verde não chega a comprometer (tanto), Blake Lively como Carol Ferris ficou bem interessante. Porém, o roteiro pouco aproveita isso. Boa parte do relacionamento dos dois está no passado e não há nem um flashback para compensar esta lacuna. Mark Strongcomo Sinestro também ficou muito bom, apesar do personagem ser mal aproveitado. Rush e Ducan estão muito bem na dublagem, apesar dos medos iniciais. Agora, de resto, temos atuações dignas de filme feito para a TV. Daqueles bons filmes para a TV, mas ainda sim são filmes para a TV, entende?
Tudo também acontece muito rápido, de forma abrupta. Culpa, talvez, da nova montagem e da tentativa de tirar piadas patéticas do filme finalizado.
A direção de Martin Campbell é apenas “ok”. Não culparia o diretor como responsável pelo filme não ter dado certo. Foi um trabalho conjunto, tanto pelo lado bom quando pelo lado ruim. Talvez se fosse para eleger alguém “mais” culpado, colocaria Michael Green, Marc Guggenheim Michael Goldenberg, os roteiristas.

E isso é forma de usar o anel, Hal!?
Para dar uma piorada (de leve), a Warner mandou um pouco mal na dublagem. Há alguns erros, principalmente na hora da tradução do juramento da Tropa. Tentaram manter o que existe hoje nas HQs da Panini, mas acabaram fazendo uma mudança de leve que eu, particularmente, não gostei. O que também irrita é ver Kilowog abrindo a boca com o vozerão do Michael Clarke Ducan para falar a mítica palavra “POOZER” e ler, na legenda, “bocó”. BOCÓ!?
Eu, sinceramente, tenho medo da versão dublada.
Ok, acho que devo ter desencorajado muito gente de ir ao cinema e conferir Lanterna Verde no dia 19 de agosto. Não era essa a intenção. Até porque o filme não ficou tão ruim quanto o esperado. Dá para se divertir. Não digo que seja um bom filme para a Sessão da Tarde. Até porque vai passar no SBT, se é que você me entende…
Ah! Se você for ao cinema conferir o longa-metragem, não se esqueça: há sim cena depois dos créditos (ou melhor, no meio deles). E ela é bem óbvia, daquelas que você já manja qual é no meio do filme…

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